Se os peidos fossem racistas os pretos seriam mais asseados

4 pessoas n1 casa. 1 desaparece. A porta da casa-de-banho está fechada. Quem estará na casa-de-banho? Será que é a pessoa que desapareceu? Será? Vamos perguntar, toc* toc* está aí alguém? grr sim, estou eu porra! Queres saber o que estou a fazer queres? Cócó! Hoje é cócó! Não vês que eu sou a única pessoa que falta na casa, tens de vir intrometer nos meus assuntos digestivos?
A primeira coisa que faço antes de entrar numa casa-de-banho
pública é colocar o telemóvel no silêncio. Não suporto a
possibilidade dele eventualmente começar a tocar no
momento em que limpo o rabo, e ter de o
desligar com as minha mãos porcas.

Frederico, um homem bonito

Hoje Frederico acordou com um sorriso nos lábios e com as mãos e o coração quentes, sinal de que os opostos se atraem e que o cupido também tem os seus enganos, tanto que Frederico andava em maré de sorte no jogo e aparentava razões que a própria razão desconhece no amor; martírio de saber, efectivamente, que a sorte não toca a todos e que deus só dá as nozes a quem dentes os tem. Era então um maravilhoso dia para o Frederico, que se levantou com os pés assentes na Terra, com a cabeça assente no pescoço e com as ideias no sítio, e não fosse dormir ele nu com o porte atlético que deliciava as donzelas da redondeza, e ironicamente dizer-se-ia que tinha também as calças na mão, coisa que evidentemente aconteceu porque já foi escrita. Acordou Frederico no seu despertar matinal, com uma agenda prazerosa de práticas futuras, calçou as pantufas trauteando ladainhas do arco-da-velha, vestiu-se e perfumou-se,
perante a áurea de satisfação que o contemplava, e regozijou-se Frederico de ser um homem bem-parecido e empreendedor no espelho que o duplicava a vaidade. Feito isso, comeu e dançou Frederico, sendo quase certamente um grande homem,
se acertada é a premissa da mulher grande que há atrás dele como o provérbio o diz; rebolou deambulando escadas abaixo, cumprimentou a vizinha que lhe lançou olhar de apaixonada, e foi à sua vida, esbanjando inveja a quem se lhe opunha nos demais passeios que a vida se nos põe à frente. Quando ia a atravessar a estrada foi atropelado por um camião e morreu.
|Tema: Roling In The Deep, Adele|

Querida, mudei de cuecas (ou Loucura)

António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade tinha um quisto no cu.
Dizia António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade muitas vezes, lamentando-se, qu'isto de andar com um quisto é uma coisa cruel e que'isto de não conseguir andar com cucas entrelaçadas é um sufoco a quem sofre dos intestinos e tem um quisto e ainda qu'isto e qu'aquilo, cagava-se sempre todo, coitado.
Chegava-se a sua mulher e dizia a António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade que, ou António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade tratava do quisto, ou qu'arranjaria aqueloutro e pediria o divórcio a António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade, cansada das nódoas que António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade deixava na parte de trás das calças. E deambulava António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade nas ruas, queixando-se qu'agora as mulheres são muito difíceis e qu'arranjam problemas por tudo e por nada: QU'A GAITA!, exclamava. Mas, no fundo, no fundo do cu de António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade, António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade sabia que tinha um quisto e que, aliás, qu'aquilo parecia mais uma cabeça. Mas não se danava António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade com isso, pois sabia António Pacheco Pereira da Mula Russa Trindade que muitos têm senão menos de metade do cu
que ele tem mas, porventura, fazem muita mais merda na vida.
|Para FábricadeLetrasePalavras|

Divagações 5: Injecta-me com tua líbido mórbida



Se terminarei a vida sendo um velho idiota solitário e rezingão com um monte de gatos que cagam a casa toda e arranham os sofás? Sim, possivelmente será esse o meu retrato. A verdade, é que o meu pai já me relembrou que vou fazer 20 anos e, como que não bastasse, uma amiga distante enviou SMS um mês adiantado desejando-me os parabéns. Fruto de tudo isso, eis que me encontro bastante deprimido, não desanimado, mas deprimido, ora, pois então, debatendo na minha mente os meus planos para o futuro, o que fazer da minha vida, o meu possível esboço de um projecto assente com os pés na Terra. Eis que tomei uma decisão, a mesma cobarde de sempre, de quem nunca criou expectativas na vida e nem tomou partido autónomo de coisa alguma, e que é, lá está, deixar andar, não meter a carroça à frente dos bois, o que virá virá, o destino a deus pertence, em suma, ser o cão raivoso que ladra ao passar da caravana. Porém, porventura, e por outro lado, certo é que, em Janeiro, efectuei três acções há bastante tempo pensadas e repensadas, que finalmente surgiram efeito e que são as que se encontram efectivamente a seguir aos próximos dois pontos colocados propositadamente para o fim em causa: fazer pipocas no microondas, participar no programa Curto Circuito da Sic Radical, comprar uma guitarra. De resto, continua tudo na mesma merda de sempre, a minha vida é uma desgraça, mas há que ver as coisas pelo lado positivo, e decerto se concordará que, este ano, começo a mostrar um pequeno espírito de iniciativa, outrora nulo, existente na enumeração acima mencionada, e, quer isto tudo dizer que, na pequeníssima lista de 'coisas que quero fazer porque gostaria imenso de ver serem feitas' já se encontra dado um pequeno passo. Um pequeno passo para a sociedade, um grande passo para mim.

Se terminarei a vida sendo um velho idiota solitário e rezingão com um monte de gatos que cagam a casa toda e arranham os sofás? Sim, possivelmente será esse o meu retrato. Mas serei um velho idiota solitário com um monte de gatos que cagam a casa toda e arranham os sofás, que sabe fazer pipocas no microondas e tocar guitarra.
|Gnarls Barkley - Who Cares|