E hoje é um óptimo dia para se viver

Maria não via. Era completa e irremediavelmente cega.
Contudo, após alguns tratamentos, a sua visão tem
aparentado excelentes resultados. Hoje, ela viu um
clarão fusco. Depois, começou a ver esse clarão
mais nítido, de tal forma que bradou aos céus:
'Eu vi a luz! Eu vi a luz!'
E foi abalroada pelo comboio.

Demente é o cu da tua tia!

*
'Eu não sou inteligente'. O quão admiro eu as pessoas que dizem isto. Epá, mas que frase tão bem metida! É a prova de como a vida é tão estúpida. O gajo é inteligente por dizer que não é inteligente e no sei da sua ignorância ainda cria paradoxos sem se aperceber, Como se isso fizesse sentido. Anda um tipo a estudar para depois ser ultrapassado por gajos assim. É que só dá vontade de dar um tiro a essa gente. Só dá vontade de convidar essa gente para uma caça ao coelho e dizer 'Ah, e tal, vem ali comigo à mata caçar coelhos', e depois dar-lhes um tiro, mesmo ali, no meio de nenhures onde não há ninguém para ouvir nada. PUM! Devia haver um dia internacional da caça ao estúpido, metiam-se os estúpidos todos num campo de concentração e lá ia eu com a minha espingarda que não tenho e pimba, caça ao estúpido! Um, dois, três, quatro, ena tanto estúpido caído!, cinco, seis... . Qual matar coelhos qual matar perdizes, matavam-se os estúpidos a bem da sociedade e faziam-se bons pratos com aquilo, uma sopa da pedra de estúpidos, fazer touradas com estúpidos. Cebolada de estúpido com batata cozida. O dinheiro que os estúpidos custam ao Estado, quer dizer, o Estado somos todos nós, a existência do estúpido vem do bolso do trabalhador. Como não há-de haver crises assim, obviamente que há. É um mundo da merda é o que é. Se um gajo que mata um estúpido, nesta sociedade, arrisca a passar o resto da sua vida na prisão, enquanto que há estúpidos que não são presos por nada deste mundo, eu pergunto que raio de Justiça é esta. Onde é que está a justiça quando um gajo sim senhora! tem a sua vida condenada, e um estúpido continua cá fora a infernizar a vida das pessoas? Que raio de Justiça é esta? Onde é que há direitos? Que raio de democracia é esta quando há estúpidos no Governo a mandar gajos não estúpidos fazerem coisas estúpidas? Que raio de sistema de valores é este? Estúpido do campo com arroz, espetada de estúpido, estúpido no pão com queijo tosta mista. As mães que parem filhos estúpidos deviam pagar uma taxa extra, devia ser acrescentado no IRS. Há que assumir responsabilidades. É uma pouca vergonha, não pode um gajo andar na rua a fazer a sua vida e vem logo o estúpido habitual chatear as pessoas! Então mas estes gajos não têm trela? Ninguém os açoita? Tinha ideia que vivia num país desenvolvido. Como é que posso criar expectativas, como que é que posso ter sonhos de viver num mundo melhor, de contribuir para a sociedade, quando estes gajos ainda andam à solta? Que esperanças darei aos meus filhos? A partir de uma determinada hora estes gajos deviam pagar uma coima por andarem na rua. É uma falta de respeito, não há limites nesta sociedade, sinceramente. É uma epidemia desconcertante. É que se fosse uma questão de hereditariedade chacinava-se já essa gente, essas famílias, cortava-se o mal pela raiz. Acredito que haja alguém a investigar isso, um doutorado qualquer em medicina ou o caraças. A esse senhor eu agradeço. Muito obrigado, você é o deus da minha religião.

E criminosos também têm sentimentos

A minha infância deu-se quando eu era pequeno. Recordo-me
que, nesse ponto, sempre fui muito específico: queria ser um
pequeno infantil. Esse meu sonho, aliás, concretizado pelo meu
meio metro e meio de altura nos meus nove anos de idade, não 
serviu para distanciar uma namorada de um então colega meu, 
que me confundia com este pela semelhança das faces, apesar 
de existir uma nítida diferença de vinte centímetros entre nós.
*
sempre suspeitei que esse amor
entre os dois nunca duraria muito tempo e mais tarde vim a saber
que eles não se falavam. E depois descobri a infortuna causa do
ocorrido que, afinal, nunca tinham sequer namorado, e somente
o facto do meu colega carregar um fardo cinzento naquela, sim,
amizade colorida, fez com que a união caísse numa turbulência
com períodos de chuva. Tal situação também me afectou, sendo 
que nunca, desde aí, cheguei a ser confundido por alguém que
tivesse mais vinte centímetros do que eu. E essa sensação de
infortúnio egocêntrico da minha parte, afastou de igual modo
aquele sentimento de superioridade que me prendia num bom
reduzido espaço de tempo. É agradável quando me confundem
com alguém maior do que eu. Faz-me esquecer que tenho as pernas curtas

suicide letter

Cerro os olhos porque não quero ver. Tenho medo........porque tudo é igual. Eles são iguais. As palavras são
iguais. E os gestos são iguais. E sei, no fundo de mim,.... que talvez chore, que talvez alguém peça desculpa.
Que alguém num curto período de tempo esboçará.........um sorriso. Um sorriso com uma sombra de intriga,
uma emoção falsa. E sei que vou pressentir essa............ .falsidade. E vou calar-me também. Porque os bons
momentos são poucos. São poucos. Bons. Falsos..... Os mesmos. Igual. Anos, meses, semanas, dias. Horas, minutos, segundos, agora. E, enquanto saio........          para fugir, tenho pensamentos. E, enquanto regresso, quero sair. E tenho pensamentos. E todos............................eles me dizem que há veneno neste copo.

O Católico que só violava freiras

A verdade é que só ajo de cabeça quente quando uso carapuço. Não sou muito temperamental. Mas quando certas pessoas vêem meter conversa comigo só me apetece cortá-las aos bocados, dá-las de comer aos cães, depois cortar os cães aos bocados e dá-los de comer aos peixes, fazer sushi com os peixes e depois cortar os chineses japoneses ou coreanos que comeram o sushi, dar esses bocados de chineses japoneses ou coreanos aos cães, cortar os cães aos bocados e dá-los de comer aos peixes, queimar os peixes, mandar as cinzas pró mar, queimar o mar e o sushi e os peixes e mandar as cinzas do mar para o espaço. E matar-mo-nos todos para acabar com o espaço, enforcar as estrelas e fazer cócó na Via Láctea, e depois comer esse cócó e matar-mo-nos outra vez.
É o que essas pessoas mereciam era isso.

És muuuuuuuuuuito corno, diz a vaca ao boi

João Alberto, esperto, foi à mercearia comprar maças e de lá saiu só com tormentos. O coração de um homem peca por defeito, mas não há garantia nem talão a reclamar no balcão os desgostos de amor. 

Já desconfiava Alberto haver gato ali na mercearia, mas como a fruta não aparentava ser comida por felino algum, julgou ser o bichano de pior espécie. E então, quando apanhou o padeiro no meio da fruta, logo lhe afigurou salada ao pensamento. O padeiro no meio da fruta, pensou, cá para mim ele amassa é a minha mulher. De facto, descobrir um padeiro numa mercearia com tamanha regularidade é facto para logo cheirar a açorda para João Alberto. Quanto mais, quando a maçã mais reluzente é a senhora mulher de João Alberto, que atende os fregueses noite e dia sem cessar. A amassar a minha mulher, deambulava João Alberto, ele que espere uns belos de uns papos secos com duas pêras na fronha ai não.
Passava noite e passava dia, e não descansava Alberto. Esperto, preparou as trincheiras e partiu para a guerra de vigiar a sua mulher, alarmado de a senhora estar comendo mais banana do que supostamente devia. Não que tal fizesse mal ao estômago da pobre coitada, mas que mexia nas entranhas de Alberto era por demais evidente. Até que chegou o dia em que Alberto, esperto, foi comprar pão, com a finalidade de se colar ao padeiro, tal queijo se cola à côdea e o complementa. Fez-se um irmão para o padeiro, desconhecendo ser aquele o marido da senhora, e ouvia a senhora boas-novas do estreante amigo do padeiro, desconhecendo ser esse o seu marido. Agora é que vou entornar o caldo, magicava Alberto. E se a coisa se pensar bem, ensopar bocados de pão em sopa encharcada, menos bom será se ela conter veneno. E João Alberto, esperto, ouvia as melhores da namorada do senhor do pão, sem esse demais suspeitar que se estaria expondo ao seu arqui-rival. 
Após copos de exposição em bares de almas condenadas, João Alberto, esperto, bem que teria vontade em cortar sua mulher às fatias. Mas melhor pensou ser esse um negócio que ao homem do pão compete, e somente acalmou o corpo e chegou à sua esposa e disse assim: Mulher! Posso ser boi mas não sou estúpido, pois descobri que o teu negócio é outro e que eu não sou o único a comer o pão desta casa. E em acto tresloucado lhe colocou a hipótese, ou eu ou o senhor das belinhas. A senhora escolheu o padeiro. Passado um mês, o padeiro teve um ataque cardíaco e morreu. A senhora quis voltar para o marido mas este não a deixou. É o que dá em não conhecer o historial médico dos amantes.

Ambrósio, apetecia-me algo... (ou E Era 1 Vez 1 Clube Chamado Sporting)

A verdade, é que não se aprende nada comigo e eu não aprendo nada com ninguém.
Não se aprende nada comigo porque eu não tenho nada para ensinar.
Não aprendo nada com ninguém porque tenho dificuldades em assimilar conhecimentos.
Sou um desinteressado desinteressante. E não encontro grande interesse nisso.
O momento mais alto da minha vida não sei qual foi, mas consigo chegar à
prateleira de cima para tirar o mel para o meu chá, e isso deixa-me feliz
num espaço de 3 a 6 segundos. São 30 segundos de felicidade se beber
chá a semana toda. Se calhar um mês em que o chá esteja em promoção,
são cerca de 2 minutos de satisfação, o que, reparando bem, nem equivale
a metade do tempo em que evacuo e lavo as mãos tranquilamente.
*
De modos que, analisando a minha situação, a coisa não anda bem.
O chá é bom, sim, mas ninguém bebe a minha vida. Então, das duas
uma: ou sou demasiado insosso e não valho o esforço, ou sou um doce
viral de diabetes. Se for demasiado insosso, é uma questão de ser
acompanhado com umas bolachas Maria. Se for um doce viral de
diabetes, pá, cortas nos chocolates. O que conta aqui é a minha felicidade.