Não há despertar de consciências sem dor.
As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo
para evitar enfrentar a sua própria alma.
Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz,
mas sim por tornar consciente a escuridão
Carl Jung

Pipoca ensaguentada

Saber que ontem por esta altura estava livre. Voltar, adquirir consciência de que quando há barulho não há razão, há desconcerto, ter a noção dolorosa do quanto isso me é triste. Conheço cada vez menos o mundo, tenho a cabeça cada vez mais vazia que um frasco de ketchup de um apreciador de batata frita. Gostava de matar alguém. Há alturas em parece tão necessário. Saber que um animal designado inconsciente possui mais sentimentos que dois designados conscientes. Vocês dois, são pessoas mais descartáveis que fraldas para incontinência grave. Para mim são matéria excrementícia.

Filetes de Pescada congelados


Decidi escrever aqui, hoje, somente pelo título deste post. Surgiu-me, num momento de introspeção, enquanto descansava na minha cama. Por vezes há destas coisas, parece que é deus que nos enfia certos pensamentos na cabeça, como se fossemos uma alheira cheia de carnes de porcos decepados. E, de facto, é um título digno, não creio ter sido utilizado noutro blog qualquer. E pensar que para este título surgir eu tive de nascer. E os meus pais tiveram de se conhecer e exercer funções sexuais num espaço incógnito. E saber ainda o quão ocasional é o encontro entre duas pessoas. E quão ocasional é a origem de um novo ser específico, a união de um determinado espermatozóide no óvulo de uma mulher naquele espaço de tempo mais pequeno que um segundo. Se pensarmos bem, esta publicação é um milagre da criação. Meu deus, tanta história atrás deste título! Quantas tortas de judeus, quantas grávidas esventradas não é Roman Polanski? É realmente estupendo o facto de me encontrar ainda vivo ao ponto de conseguir deixar aqui estas palavras. Sinto-me como se tivesse avistado um ET ou deus ou, sei lá, o fim do arco-íris... Sinto-me realmente bem, mas podem ser só gases. Nunca se sabe. Mas estou realmente feliz. Podia morrer agora e ser cremado, que nem me fazia pó.

Diálogo acerca de deus sobre deus e as divindidades relacionadas com o próprio


Deus é um rebelde, é uma espécie de indivíduo, que podia ser um indivíduo mas não é um indivíduo, mas que parece ter particularidades de um indivíduo mas maiores. Parece, contudo, um indivíduo. E um indivíduo que na sua classe individual realiza actos derivados de ações específicas singulares. Um indivíduo que podia ser um moço de recados relacionados com negócios específicos, um indivíduo que parece estar em todo o lado a fazer, por exemplo, aquela coisa que os carteiros têm o costume de fazer que é entregar as cartas. E deus parece um carteiro que está sempre a tocar à campainha. Um deus que não sai da cabeça porque está em todo o lado, mas não faz nada. Está, porventura, nesta cama onde escrevo, mas nunca me fez a cama. Deus é um indivíduo que na sua classe individual é individualmente estúpido. Porque para estar em todo o lado sem fazer nenhum, mais valia estar em lado nenhum sem fazer nada. E isto é o que eu penso acerca de deus. Tenho dito.
'São 14h07 de quarta-feira, dia 23 de Maio, e estou há 20 minutos fechada num cubículo de 80 centímetros por 1,60 metros. Objectivo: acabar com um dos grandes mistérios do mundo masculino - o que é que as mulheres conversam nas casas de banho?' Eu não sei em que mundo vivo quando há jornalistas da Sábado a infiltrarem-se numa casa de banho de peidos estrangeiros, a fim de ouvirem coscuvilhices de mulheres que dizem ter de rapar o buço e outras que dialogam sobre períodos e sangue na cueca. Confesso que por vezes fico parvo por habitar neste mundo. Eu, como espécie inserida no mundo masculino confesso ter mais curiosidade na vida post mortem, na origem primeira do Universo, ou até na elaboração das bolachas do LIDL que como com leite quente e são tão boas. Quando chego ao ponto de descobrir que uma jornalista se fecha nas casas de banho do Colombo com um bloco de notas e uma caneta para escrever um artigo sobre merda eu não sei o que pensar. Apetece-me bater-lhe. ***