Eugénio de Desagrade

OLÁ, EU SOU UM DETERMINADO TIPO DE INDIVÍDUO QUE OCASIONALMENTE PERMANECE NUM CERTO E DETERMINADO ESPAÇO (ESPAÇO ESSE QUE ESTÁ DENTRO DE UMA LINHA TEMPORAL). DE QUANDO EM VEZ, COMO HOJE, DOU UNS PEIDOS DAQUELES MESMO MAL CHEIROSOS, ACABADINHOS DE SAIR DO FORNO, E TENTO QUE O ODOR NÃO SE ESPALHE MUITO PELA CASA. POR VEZES, A ACTIVIDADE DE DEFECAÇÃO NÃO É FÁCIL DE EXERCER E GOSTARIA DE TOCAR NESSE ASSUNTO HOJE, INCLUSIVE PORQUE JÁ ME DIRIGI À CASINHA DE BANHO POR QUATRO VEZES. A ARTE DE BOA DEFECAÇÃO CONSISTE NUMA SOMA MATEMÁTICA QUE É A SEGUINTE: CONTROLO MENTAL + PRESSÃO DOS GLÚTEOS + FÉ + (POR VEZES) MAIS FÉ AINDA. SIM, PORQUE EU SEI QUE É DIFÍCIL, HÁ MOMENTOS EM QUE NOS ENCONTRAMOS SENTADOS, ESPERANDO QUE A BOMBA CAIA E ELA NÃO CAI E NÓS SÓ QUEREMOS OUVIR ALGO A TOMBAR NA AGUINHA DA SANITINHA PARA NOS SENTIRMOS MAIS BEM DISPOSTINHOS. NO FUNDO DO MEU SEU SER, EU SEI QUE TE PERDI, CAGALHÃO, TUDO PORQUE JÁ NÃO SOU O INSTESTINO ADORMECIDO NO INTERIOR DO MEU CORPO, TUDO PORQUE IGNORAS QUE HÁ LEITOS ONDE O FRIO NÃO SE DEMORA E NOITES TEMPESTIVAS DE URINAS MATINAIS: POR ISSO, ÁS VEZES, OS PEIDOS QUE EU SOLTO SÃO PESADOS, CAGALHÃO, E A NOSSA SINA É INFELIZ.

Divagações 18: a descompustura

Mão morta, mão morta, vai abrir aquela janela, deixa-a completamente descomposta, e não reflitas nessa atitude positiva - permanece a apodrecer como os gatos nas estradas após o atropelamento na rodovia, na sua completa e eloquente descaracterização -; com este bafo infindável a suor meu, teu, dele, nosso, sentimos estar envolvidos em camadas de cobertores polares como se fossemos cebolas (e cheiramos mal como elas ou pior) e por cada camada que soltemos - cada peça de roupa que possamos despir até ao ponto de mostrarmos a piroca - nada alivia esta atenta tensão sobreposta no nosso corpo: foda-se, é que ainda ontem se sentia uma brisa pela noite, suave, mas mesmo assim, senti-a de cima a baixo, dos cabelos na careca aos pêlos por depilar no rabiosque... e hoje não consigo fazer nada, cada passo que dou faz-me sentir que passei ao lado da direção que pretendia tomar.
Não é fácil, tanto calor, imagino então em Lisboa ou em sítios mais quentes - tipo saunas ou até esquentadores ou fogueiras, diria até esquentadores afogueados em saunas -, mas neste buraco onde o alcatrão parece congelar a nossa alma quando saímos descalços na rua, até parece mentira, de momento, termos a fachada da igreja principal a arder. Tomara que termine de arder antes de bater as nove da noite, para que possibilite a possibilidade de ser possivel eu adormecer com uma temperatura razoavelmente moderada para que a minha disposição esteja de acordo com a disposição que pretendo que a minha disposição esteja disposta a estar. Daqui a nada sairei de casa, amanhã ficarei por casa - não exercerei trabalho no meu local de cargo profissional - e terei exaustivamente de me dedicar a tragédias gregas. Isto porque, infelizmente, algures em inícios de setembro, farei um exame de conclusão de modo a concluir uma etapa já há muito antecipada que é a de concluir os meus estudos; após o ter feito deverei incendiar tudo o que estiver relacionado com esta última cadeira, uma vez que não guardo nenhum desejo de me dedicar futuramente a estudos aproximados à mesma ou mesmo que distantes mas com uma aproximação vulgar ou banal. Dito isto, não tenho rigorosamente mais nada a dizer, adiantar, quiçá desenvolver ou acrescentar. Quando os dias são assim, tenho a sensação de que ainda nem começou e já vai tão adiantada que quase termina sem eu dar conta, leva a crer que adoeci ou que já me encontro numa idade tão avançada que é uma idade cágado - tipo, como no texto da lebre e o cagádo ou a lebre e a tartaruga (já não me recordo bem; é um sinal de demência mental devido à idade, também), mas enfim, quase parece que eu sou uma lebre e corro muito depressa mas, por fim, fui ultrapassado pela idade cágado que chegou primeiro à meta. No fundo é isto, a sinopse da vida: era uma vez um indivíduo que foi ultrapassado pela sua idade cágado e, após se ter apercebido de tal acontecimento, já a idade cágado tinha cagado para o assunto de tão adiantada que estava, já estava noutra, a comer camarões dançantes em água imunda, fétida, como se se tivesse elaborado um concentrado de carne putrefacta - daquela que é guardada numa salinha com uma indicação "carne imprópria para consumo humano". Será que, considerando-me desumano e consumindo carne tabelada imprópria para consumo humano, sou exatamente quem devo ser e estou exatamente onde devo estar, por outras palavras, terei eu os chakras alinhados? Será este o sentido da vida e eu, pobre de mim, que tenho consumido do pior e mais barato! (mas, mesmo assim, bem bom!), pobre de mim que nada tenho mas para que serve tanto dinheiro? Não tenho nada, mas tenho tenho tudo...olha!!, ainda consigo avistar, desta varanda, a minha idade cágado, ali, quase não parece ela mas é - nota-se pela ponta da cauda de belzebu -, relampejante, vai como se tivesse fogo no rabo ou talvez tenha deixado o forno ligado, quem sabe? Nota-se que é ela, pelas pegadas que deixa no tempo. E, entretanto, a igreja já tombou, o padre já sucumbiu e a freira teve sorte porque estava de folga - sim, talvez as freiras também folguem de pregar a palavra do senhor. Após tudo isto, já não é possível encontrar a idade cágado - provavelmente já foi chatear outra lebre ou raio que a parta -, contudo, está mais fresquinho. 
Vá lá...ao menos algo positivo.

vives dia a dia, mas queres ainda mais


certamente, mamas. 
efectivamente, mamas. 
realmente, mamas. 
possivelmente, provavelmente e positivamente, mamas. 

aparentemente, mamas. 
supostamente, mamas. 
provavelmente, mamas. 

casualmente, perfeitamente e apressadamente, mamas. 

dificilmente, mamas. 
teimosamente, mamas. 
seguramente, mamas. 
efectivamentemamas. 
incontestavelmente, mamas. 
circunstacialmente, mamas. 
instrumentalmente, mamas.
lindamamente, mamas. 
palidamente, mamas. 
limpidamente, mamas. 
velozmente, mamas. 
louvavelmente, mamas. 
sensitivamente, mamas.
intensivamente, mamas. 
massivamentemamas. 
vagarosamente, mamas. 
malissimamente, mamas. 

indubitavelmente, mamas. 

ca'chaos!

Lar, dOcE LaR,
à hora do jantar.

Repouso, dOcE RePoUsO,
à hora do almoço.

Com as cuecas por lavar e os peidos estendidos pelo átrio, espalhados pelos corredores - esquerda, direita, esquerda, direita, à nossa esquerda temos um bom par de cotão -; e, acima de tudo (literalmente, por cima de tudo), uma montanha de roupa por dobrar e arrumar e que permanece após várias outras lavagens (tanto de roupa como de espírito e de corpo) e outras digestões e defecações.

E a loiça, por lavar, secar, limpar, arrumar, insiste em desdobrar-se pela cozinha, espreguiçando-se, ficando prenha e dando à luz tigelas embebidas em líquido Fairy, absorvidas de securas ranhosas que quase parecem macacos do nariz, panelas com restos alimentícios do passado.

É um ca'chaos cagalhoso, todo piloso e com uma vista para a serra. 
Aquela nuvem parece uma cueca cagada,
ai!, se eu pudesse absorvê-la em tira nódoas!