Caro Senhor deus todo deveras poderoso, se deres pelo meu corpo desfalecido provavelmente já estarei morto. Mas pronto, é a vida. Ou a morte, neste caso. Relembro-me muito bem de me lembrar de recordações antigas, em que vagueava todo semi nu pelo mato, eu e mais ninguém, aliás, ia sozinho, e de ouvir o piar dos pássaros ali em cima no céu alto. Ai, como me alegravam aqueles bichos voadores. Rejubilava todo eu de alegria pelas folhagens esverdeadas caídas abaixo das árvores. Até ao dia em que vieram uns senhores ali com motosserras no mato sem motas e os senhores começaram a matar as árvores. Ai, quão entristecido me abati com aquele abate! Ai, quão penoso padeci, ai meu deus, ai meu deus, ai meu deus. Que o sol me entranha todo no globo ocular na ausência dos ramos grossos e compridos e seu monstruoso manto morador, folhas, sim, é a isso que me refiro. Para onde irá um sem abrigo da rua como eu agora? Que folhagem nocturna me preencherá no leito? Ai, ai, ai. Ui. Ai, ai. Ui, ui, ai.