A atração sentou-se num banco do jardim
a ler o pedófilo Lewis Carroll.
Estavam trinta graus à sombra
e isso já é um calor do caralho.
Quando as aves migratórias vieram do oeste,
todas nuas e com as asas abertas, sem veste,
bicaram o pobre leitor que, na altura,
observava com extrema curiosidade uma petiz de metro e meio.
Esse cabrão, que tinha um floreado de esperma
a ejacular-se instantaneamente dentro da calça de ganga,
sofria de doença prematura que se designava cancro,
mas ao mesmo tempo era um ser rancoroso e hediondo,
que não deixará saudades caso se tenha de abrir uma cova.
Eis senão que o Amor passou diante desse banco,
onde, desbotado, sangrava a bicada Atração,
que já percebemos que lia o Lewis Carroll
(naquela parte em que a Alice era grande e o
pássaro lhe disse epah estás a roubar os meus ovos!),
parou diante dela e declamou um poema do Presidente Drogado:
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
tu ainda não te apercebeste que é só bófia à paisana,
está cheio daqueles lacraus matei um homem de cana,
por isso eu vou enrolá-la mas não vou acender agora
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu não quero ir mais parar ao Hotel do Piolho
eu não quero ir mais dormir para o Hotel do Piolho
na última temporada quase que me arrancava um olho,
por isso eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora.
arranja aí uma mortalha, dá aí uma ponta,
faz um filtro, empresta-me um isqueiro,
porque eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora.