Caros amigos.

Obrigado por me terem acompanhado durante os cinco anos em que, aqui, partilhei os meus sentimentos, as minhas alegrias e tristezas e nostalgias, obrigado por responderem e me seguirem neste trilho em que a verdade reclamou existência. 

Aqui, fui palco de memórias, de amores, de saudade, de um rastilho de vontades que, junto de vós, companheiros, vivenciei. Aqui fui eu, aqui cresci, aqui sou mais. Aqui celebraram-se realidades, aqui nasceram amizades, aqui ficará sempre parte de mim. Acredito que este palco se tornou, de certo modo, o nosso palco, a nossa família. 

Não sei dizer adeus. Que não se trate de uma despedida. Que se experiencie este término como uma celebração entre nós que, juntos, fizemos nascer e prolongar um arco-íris de emoções e um espírito de camaradagem, com base no respeito e civilização.

Otariamente,
Otario Tevez.

Local de tempo

Na nossa profissão acendemos uma vela num quarto escuro e é ali o futuro. É uma luz, uma ideia, um sinal, qualquer coisa, é ali e é isso. Na nossa profissão estimamos o tempo como um leproso com dores na coluna, esfregamos e cuidamos da ideia, é só isso, a ideia da imagem. A luz é um rastilho onde a sombra assombra, onde a morte é aquela e adormecemos com esperança. Na nossa profissão procuramos estabilização. Temos o cargo de renascer. Na nossa profissão a morte é a solidão do corpo quando este acaba de chorar.