O amor e outros bichos papões.

A atração sentou-se num banco do jardim
a ler o pedófilo Lewis Carroll.
Estavam trinta graus à sombra
e isso já é um calor do caralho.

Quando as aves migratórias vieram do oeste,
todas nuas e com as asas abertas, sem veste,
bicaram o pobre leitor que, na altura,
observava com extrema curiosidade uma petiz de metro e meio.

Esse cabrão, que tinha um floreado de esperma
a ejacular-se instantaneamente dentro da calça de ganga,
sofria de doença prematura que se designava cancro,
mas ao mesmo tempo era um ser rancoroso e hediondo,
que não deixará saudades caso se tenha de abrir uma cova.

Eis senão que o Amor passou diante desse banco,
onde, desbotado, sangrava a bicada Atração,
que já percebemos que lia o Lewis Carroll
(naquela parte em que a Alice era grande e o
pássaro lhe disse epah estás a roubar os meus ovos!),
parou diante dela e declamou um poema do Presidente Drogado:

eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
tu ainda não te apercebeste que é só bófia à paisana,
está cheio daqueles lacraus matei um homem de cana,
por isso eu vou enrolá-la mas não vou acender agora
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu não quero ir mais parar ao Hotel do Piolho
eu não quero ir mais dormir para o Hotel do Piolho
na última temporada quase que me arrancava um olho,
por isso eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora.
arranja aí uma mortalha, dá aí uma ponta,
faz um filtro, empresta-me um isqueiro,
porque eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora,
eu vou enrolá-la, mas não vou acender agora.

Influências da receptividade.

Abro as portas ao teu sexo em vaginação,

             página 01,
             página 02,
             frente e verso:
             até gritares na minha folha
             em UNIverso.

ânsia.
O único elo que nos separa é a 



distância.

Psicose de coisas: o retorno da besta!

    Esqueci-me de lavar os dentes e não consigo ter cáries perto de mim, os meus olhos já não sabem ver e só tropeçam nas palavras. Aos apalpões, o tio Márcio sacode as calças repletas de migalhas de pão com chouriço e segue pelo breu do quarto a tentar chegar ao telefone fixo, que está afixado numa prateleira, para comunicar com a vizinha coscuvilheira do 2ºEsquerdo que o Blog-do-Otario voltou ao activo.
    Amanhã, quando o céu vomitar os raios do sol para cima de nós, comuns mortais, já todo o bairro terá ouvido da boca da coscuvilheira tamanha coscuvilhice. Enquanto isso acontece, o mundo pula e avança como uma bola colorida nas mãos de uma criança. Assim, na dúvida da punheta por bater, o coração bate mais forte e batem os tambores num qualquer recinto com tambores. Eu gostaria muito de agradecer a deus, ao meu pai, e à menina da Parede que tinha o beliche onde nós fornicámos naquele início de tarde, e também agradeço a mim por ter a capacidade de agradecer a alguém sem motivo aparente. Para todos os que não me lêem um obrigado, para aqueles que me lêem um muito obrigado. A relva hoje no jardim do Saldanha continuava fresca na passagem do cão deficiente de duas rodas. Vou ali coçar o escroto. Beijos.