Violencelo violador de suricatas

Tem um nome bonito, parece simpática. E as mulheres socializam e chamam a isto sexto sentido. Como se uma Vanessa não me esfaqueasse um rim, uma Mónica não me violasse o prepúcio... não sei o futuro daquelas três desvairadas, porque não tenho sexto sentido para essas coisas. Mas as mulheres são assim, vêem um sorriso no rosto de alguém e dizem que conseguem ler a pessoa, que aqueloutro tem uns olhos grandes e bonitos e esverdeados e deve ter uma grande aura. Um homem, olha para uma mulher, e não vê nada disso: vê no máximo duas pernas ou um bom decote. E não há que tirar daqui nenhuma conclusão depreciativa, enfim, as mulheres são umas desvairadas; deve ser a porra da lexívia que as faz ver auras.  Eu leio livros, não leio auras. Não ando a estudar para ler auras. E sim, tenho olhos esverdeados, mas quero é te fodas...

O Peidinho Lúcido

Acordo como o orvalho tenso na erva mansa pela manhã. E o meu nascimento é como as estações do ano, mas não anual como elas, diurno. E quando coloco o meu primeiro passo no chão, não sei se serei primavera ou outono, melancólico ou incerto, inverno ou verão, racional ou frontal. E como se esse passo me previsse e anunciasse o meu nascimento ao mundo, só me apetece dormir; e cobrir-me de um manto de incerteza que me aquece ignorante. E assim, tenso, subsisto. 
Como se algo morresse em mim todos os dias. 
E eu não soubesse chorar.

Crepes de Herpes

Caro Senhor deus todo deveras poderoso, se deres pelo meu corpo desfalecido provavelmente já estarei morto. Mas pronto, é a vida. Ou a morte, neste caso. Relembro-me muito bem de me lembrar de recordações antigas, em que vagueava todo semi nu pelo mato, eu e mais ninguém, aliás, ia sozinho, e de ouvir o piar dos pássaros ali em cima no céu alto. Ai, como me alegravam aqueles bichos voadores. Rejubilava todo eu de alegria pelas folhagens esverdeadas caídas abaixo das árvores. Até ao dia em que vieram uns senhores ali com motosserras no mato sem motas e os senhores começaram a matar as árvores. Ai, quão entristecido me abati com aquele abate! Ai, quão penoso padeci, ai meu deus, ai meu deus, ai meu deus. Que o sol me entranha todo no globo ocular na ausência dos ramos grossos e compridos e seu monstruoso manto morador, folhas, sim, é a isso que me refiro. Para onde irá um sem abrigo da rua como eu agora? Que folhagem nocturna me preencherá no leito? Ai, ai, ai. Ui. Ai, ai. Ui, ui, ai.

Indivíduos Endividados

Instalo o meu ódio atrás da estante de leitura, porque hoje já ninguém lê, esta estante é boa para guardar surpresas. E com música nos ouvidos trauteio as ruas com tesão. Acordei cedo, depois de um chá de insónias, com o meu crucifixo na mesa de cabeceira. Há dias assim, em que aparecem crucifixos, ou sabor a cona, nem pingo de devoção ao Senhor nem amor à puta da costela. Passo a passo, o 
compasso, de espera, para ver esse cu gordo. Que idade terás? Não tenho a certeza se estou certo, mas ou cedo desperto ou enlouqueço, neste antro de rameiras. Fecham-me as pálpebras como a vontade à vida. Sinto-me psicopata e não matei ninguém. Compreender o meu ódio atrás da estante será uma surpresa para mim.