O cadáver do avô

A hipótese de a criança ser ligeiramente abichanada abanou a estrutura daquela casa. O próprio ferrúnculo exposto da imundície de pilosidade da criada passou para 2º plano. Foi o dilúvio das águas, uma criança, rebento do ventre da mãe, esculpida com o esperma do pai, benzita pelo padre da igreja e açoitada pela tia demente amante de rabos novos. A hipótese dessa criança, moderadamente comestível, possuir o bicho dentro de si, realçou a ligeira preocupação de existência de crianças que possuem o bicho dentro delas. Tornou-se um caso delicado, mais difícil de abordar que prostitutas no Bairro Alto. E, enquanto o pai procurava uma solução, a criança brincava com barbies. Dizia adjectivos, elogiava roupas. A criança tinha opiniões. E a criança gostava de rir. E a mãe chorava. E o pai chorava. A avó velha chorava. E a criada chorava também. E a criança arranjou o 1º namorado. E a família afogou-se no seu pranto. E o rapaz arranjou um barco. E o rapaz... o rapaz foi pescar consolo.

Porque sucumbiste papá?

O Sr. Fernando encontrou um cabelo na sopa. Chamou o empregado e disse: 'empregado, tenho um cabelo na sopa.' O empregado olhou na sopa e viu um cabelo. O empregado lamentou-se e chamou o gerente. O Sr. Fernando disse: 'gerente, tenho um cabelo na sopa.' O gerente olhou na sopa e viu um cabelo. O gerente lamentou-se e despediu a cozinheira. O Sr. Fernando foi agraciado com outra sopa. O empregado e o gerente olharam na sopa e viram que esta não tinha cabelos. O Sr. Fernando comeu a sopa. A ex-cozinheira já não cozinhava ali. O Sr. Fernando ficou de papo cheio. O empregado levou nas orelhas. O gerente deu nas orelhas ao empregado. A ex-cozinheira maldizia o gerente entredentes. E a história fica por um fio. De cabelo.

Cadáveres relativamente mortos

Um tio que abusa de anões ao meio-dia é excessivo. Serem eles metade é uma coisa, serem abusados com o abuso da carga horária é outra. Uma vez tive uma colega anã que se impôs a uma gigante lá da escola, e a verdade é que essa anã gritava com mais fervor que a gigante. As anãs têm tendência a aparentar possuírem coisas grandes, salientam-se. Essa anã agora tem um filho que não sei se é anão ou não, porque nunca o vi, mas como nunca o vi deve ser anão ou então eu teria visto bem. Os anões escondem-se, só vi 2 ou 3 na vida e já fui algumas vezes ao Portugal dos Pequeninos. Pensei que poderia encontrar lá um ou outro a drogar-se e tal, a fumar meia ganza, porque eles também têm direito a ser idiotas, mas não. Talvez estivessem meio indispostos a aparecer. Anões, esses enfermos doentes do chulé chauvinista da Patagónia.

O funeral do anão soberbo

E ela cospe-me na cara e diz que me ama, quando estou sozinho na cama. E ela entra de rompante, com o amante, e dá-me um tiro na nuca que me arrebenta com a peruca. E ela faz-me um dói dói com o saca-rolhas e eu fico com borbulhas. E ela faz cócó em cima de mim e, enfim, eu amo-a. Eu amo-a como uma sardinha ama a sua sardinha. Eu acarinho-a com as mãos e isso é amor. Eu gosto dela e da mãe dela e do cão dela e da sua forma feminina de ser mulher. Nós sermos perfeitos um para o outro. E isso deixa-me tão contente como um morto para o coveiro. E quando estamos a cavar batatas no quintal e eu lhe puxo o avental ela não leva a mal, porque ela sabe que estou só a brincar. E ela cheira a rosas do mar. E eu efectuo fornicações esporádicas com ela. Somos bué felizes dentro dos parâmetros normais.