Tiro no escuro

Lembraste quando me telefonavas
a dizer onde estavas: 'Meu anjo, meu amigo,
eu espero aqui por você'. Recordas quando
te via e vinhas correndo a meus pés (?).

Sabes as vezes que adormeço a ouvir o
estranho som da tua face a sorrir, vou e venho,
pois só resta caminho p'ra ir; quando
não estás e a tua ausência marca mais
que outra companhia apraz (?).

E é um tiro no escuro, preta, quando
estimo possibilidades intermináveis, e
me achego na almofada aprisionando
as lágrimas que não valem a pena cair.


Lembra-me de esquecer de ti, se ainda de mim te recordas.
Recorta metade do sofrimento que me amargura pela tua
ausência e terás metade do eu que me construíste.
Estou triste, olho e não te vejo, oiço-te e não te
vejo, penso e não te vejo, sinto-te e não te vejo,
só a mim me vejo, e o que está à minha frente
é uma miragem de uma recordação
manchada a pudor.

Não preciso de mais um sorriso teu para amargurar os meus dias.
Se aclarares as ideias, farei por te pintar um sorriso.
Vou ser sincero e dizer que me falta sinceridade na palavra.