...diria eu se ousasse aqui mentir. (ah, bolas, a minha caneta caiu ao chão... tenho de acabar com o hábito de meter canetas na boca enquanto penso) A verdade é que no outro dia a minha irmã chegou à conclusão comigo que seria muito fácil raptar um cego surdo mudo e, desde essa altura, não penso noutra coisa: ai filho onde estás, eles fizeram-te mal?/estou bem, estou bem, mas está muito escuro aqui. Enfim, há pessoas com vida mais fácil, é certo; por exemplo, quem anda o dia todo na rua com vuvuzelas, vê-se que pouca vida têm. Moro ao lado de um posto Galp e posso adiantar que têm sido os dias mais negros da minha vida, isto vindo de alguém que já esteve sentado ao lado de pretas no comboio. Já me veio à ideia ir ali dar com a vuvuzela ao moço da frente para ele sentir a dor dos meus ouvidos, muito seriamente. Quando era pequeno, o mais próximo que tive da vuvuzela eram caramelos. E tinha de os partir com os dentes. Não era tão eficiente. Hoje qualquer um pode simular um peido com a boca a umas dezenas de decibéis. Os tempos são outros. E eu não me chamo Francisco. Já me chamaram muitas coisas, mas essa não foi uma delas.