... dou por mim a perguntar quão são és tu?, e, a verdade, é que me respondo sou deveras, sou deveras..., mas, mais tarde, muito mais tarde, recordo-me da minha resposta, e presumo que tenha sido fruto do meu engano, pois sendo eu tão são como me pensei, decerto não elaboraria conversas comigo, nem tão pouco me responderia a mim próprio. (é um pouco contraditório, mas a verdade é essa mesmo) Não gosto de pessoas com muitas parecenças comigo. Quer dizer, para me aturar a mim, já me basto eu, não é verdade? E sinto uma revolta muito grande, porque, se eu bato em alguém parecido comigo, por me estar irritando, nas frases que profere e que adivinho proferir, pois seria algo que eu dissesse em determinado momento comum, seja por alguma outra ocasião semelhante, sinto que me bato a mim próprio e isso magoa-me a alma. E, se não faço nada, entro quase em depressão, pois seria como se me não conseguisse disciplinar a mim próprio. Pá, e isso chateia-me, porque raio existem pessoas tão semelhantes a mim, mas, porém, tão mais insuportáveis em termos de irritabilidade. Se eu procuro ser irritável, não gosto que outro sujeito venha travar conhecimento comigo e, no fim, para além das parecenças que mostrou em nos fazer companheiros, se mostre ser mais irritante do que eu. Não aprecio que me ultrapassem, não gosto de entrar em competições; e se eu nasci assim, e agora vem-me este caramelo chatear-me, qual é o sentido da minha vida? Eu que sempre superei as pessoas em termos de irritabilidade, agora começo a pensar se vale a pena viver. Ao menos sou mais bonito que ele, ele que engula essa.