Diva no Divâ

Deita-se, pés com pés da cama, relembrando, ou procurando esquecer, todo aquele emaranhado de sensações que trouxe ela, qual mar come a areia e fica só, como ele está agora. Escreve, no seu quase diário de histórias por contar, essas memórias que o retrocedem a uma vida ousada no pensar, um intervalo na acção. Coração como chocolate, que derrete quando se faz tarde, e lá fora se somam graus muitos!


Junto é mais que separado e, ainda há bocado, recorda ele, estava ela
ali; quer-a agora! Embora, a cada hora, sempre o contrário pense,
que às mãos de Deus o futuro pertence, mas quem não actua
perfaz-se doente, vive o futuro e não o presente e é
presente mas não presença, figura imóvel alvo à
doença... os 'ses' que a vida traz. Pois, o senso,
cessa de, sucessivamente, simular sentimentos
susceptíveis de serem suspeitos: no peito falta-lhe
a peça primeira, a doce lembrança gata borralheira,
tem um buraco a ocupar o vazio,
retrato pintado sem rosto ao frio,
alma penada danada de amor,
fantasma errante procurando cor,
corpo imóvel por tê-la perdido,
mão aberta sem p'rá'quele amigo.

não há terapia para quem o amor nunca chegou a embebedar.
metade do copo desperdiçado ao mar.
quem vai a ele perde o lugar.

pim pam pum,
um dó li tá.
não será igual, quem virá virá.