Ao passo que passava as letras do portátil para o ecrã, os seus tectos ruíam ao sabor da trovoada do relacionamento. Ninguém, de fora, imagina o que está dentro daquele sujeito amargurado com o caminho que a vida levou. Foi uma longa viagem. Mas não a desejada, atada às teias de aranha que mata a mosca que viveu pouco; asfixia prematura da dura existência apática. Amanhã, talvez depois, ou mais tarde, tudo voltará à normalidade dos passos: gatinhar, levantar, andar, correr, saltar. Tudo o resto germinará silenciosamente no interior de cada um até nova explosão. Ninguém sabe, ninguém quer saber, aos de fora não diz respeito, aos de dentro falta o respeito. Toda a gente não quer saber, mas espia, ou artimanha revolta com a raiva que assola o corpo que não se vê: o interior é lixado, os sentimentos fo*** tudo. E, mais uma vez, depois de tudo, tudo voltará à normalidade do que à palavra compete. Um dia não são dias, mas um dia será o dia. Fatalmente inesquecível: embrião da saudade intranquila que tomou lugar na casa do senhor Tempo. Temperalmente só.
|desafio Fábrica de Letras|
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