E criminosos também têm sentimentos

A minha infância deu-se quando eu era pequeno. Recordo-me
que, nesse ponto, sempre fui muito específico: queria ser um
pequeno infantil. Esse meu sonho, aliás, concretizado pelo meu
meio metro e meio de altura nos meus nove anos de idade, não 
serviu para distanciar uma namorada de um então colega meu, 
que me confundia com este pela semelhança das faces, apesar 
de existir uma nítida diferença de vinte centímetros entre nós.
*
sempre suspeitei que esse amor
entre os dois nunca duraria muito tempo e mais tarde vim a saber
que eles não se falavam. E depois descobri a infortuna causa do
ocorrido que, afinal, nunca tinham sequer namorado, e somente
o facto do meu colega carregar um fardo cinzento naquela, sim,
amizade colorida, fez com que a união caísse numa turbulência
com períodos de chuva. Tal situação também me afectou, sendo 
que nunca, desde aí, cheguei a ser confundido por alguém que
tivesse mais vinte centímetros do que eu. E essa sensação de
infortúnio egocêntrico da minha parte, afastou de igual modo
aquele sentimento de superioridade que me prendia num bom
reduzido espaço de tempo. É agradável quando me confundem
com alguém maior do que eu. Faz-me esquecer que tenho as pernas curtas