Virgens violadas à porta da capela

Se eu pudesse mudar o mundo não mudaria. Gostaria de ter imenso poder, imenso dinheiro e ser extremamente bonito, para ficar sentado com o meu cu numa cadeira almofada de ouro, não gastar um tostão e não ajudar ninguém nem aceitar pretendentes. Ficaria de braços cruzados a olhar o mundo a pedir-me ajudas. Se eu pudesse, mas eu não tenho poder, não tenho dinheiro, e sou só relativamente muito bom no aspecto da aparência, o único poder que tenho são os meus sonhos e duas mãos para afagar o pêlo a alguém ou dar umas chapadas a alguém, dinheiro tenho pouco, e coisa e tal vem aparecendo em pingos de torneiras avariadas. Se eu pudesse fazer cócó no deserto fazia, mas aqui não há areias, nem praias, nem cinemas, nem nadas, esta cidade é uma idiotice. Se esta cidade fosse uma mulher, seria uma mulher gorda repelente com bigode e problemas de confiança com uma casa cheia de gatos e com buracos por escavar. Se eu pudesse matar esta cidade eu matava. Mas não se podem matar cidades, não vou enforcar pedras da calçada com cintos para calças largas. Não vou afogar a relva em sumo de laranja da Compal. O que eu vou é fritar douradinhos  e meter-me na alheta porque tenho aulas logo à noite e tenho noite logo à noite e vou para a noite logo à noite. Crise, puff. Onde? Eu como todos os dias fora, pronto, na cantina da faculdade, e passo noites fora, pronto, a ter aulas. Não é a mesma coisa que andar na borga ou snifar filetes de pescada, mas conta na mesma.