allegro ma non troppo
(rápido mas não muito)
Pimenta, vinho (e lã) no desenvolvimento económico medieval.
As leis fundamentais da estupidez humana.


Carlo M. Cipolla



Parte II: As Leis Fundamentais Da Estupidez Humana (breve resumo e as 5 Leis Fundamentais):


Cada um de nós subestima sempre e inevitavelmente o número de indivíduos estúpidos em circulação.
* O número de pessoas estúpidas não pode ser infinito porque o número de pessoas vivas é finito.




A propabilidade de uma certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica dessa mesma pessoa.




Uma pessoa estúpida é aquela que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo.




As pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ou associar-se com indivíduos estúpidos revela-se infalivamente um erro que se paga muito caro.




A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigosa que existe.
O estúpido é mais perigoso que o bandido.






O gráfico (fig. 1) refere-se a um indivíduo que chamaremos Fulano. O eixo dos X mede o ganho que Fulano obtém no seguimento da sua acção. O eixo dos Y medo o ganho que outra pessoa obtém no seguimento da acção do Fulano. O ganho pode ser positivo, nulo ou negativo; um ganho negativo equivale a uma perca. O segmento do eixo dos X à direita do ponto O/ mede os ganhos positivos de Fulano, enquanto as suas perdas são indicadas à esquerda do ponto O/. O eixo dos Y, respectivamente da pessoa, ou grupo de pessoas, com quem Fulano se relaciona.

Recorramos uma vez mais a um exemplo banal. Fulano dá uma pancada na cabeça de Beltrano e obtém disso satisfação. Fulano pode até defender que Beltrano está feliz por ter levado uma pancada na cabeça. Mas é muito provável que Betrano não seja da mesma opinião. Aliás, Beltrano poderá considerar que a pancada na sua cabeça foi um incidente lamentável. Se a pancada na cabeça de Beltrano foi um ganho ou uma perca para Beltrano é algo que cabe a este decidir e não a Fulano.
* C, I, B, E: Crédulo, Inteligente, Bandido e Estúpido.
A linha O/M divide o quadrante B em duas áreas, BI e BE, e grande maioria dos bandidos situa-se num ponto qualquer destas duas áreas. Os bandidos que ocupam o quadrante BI são aqueles que proporcionam a si mesmos ganhos maiores do que as percas que causam aos outros (...) são desonestos com um elevado grau de inteligência. (...) a maioria dos estúpidos concentra-se ao longo do eixo dos Y, por baixo do ponto O/. A razão de tudo isto é que a grande maioria das pessoas estúpidas é fundamental e obstinadamente estúpida. Por outras palavras, elas insistem, com preserverança, em causar danos ou prejuízos às outras pessoas sem com isso obter qualquer ganho, seja ele positivo ou negativo.

* Num sitema democrático, as eleições gerais são um instrumento de grande eficácia para assegurar a estabilidade da fracção & (pergentagem de número de pessoas relativamente à população total) entre os poderosos. Recorde-se que, com base na Segunda Lei, existe uma fracção & de votantes que são estúpidos e as eleições oferecem-lhes uma magnífica ocasião para prejudicar todos os outros sem obter qualquer ganho com as suas acções. Permitindo a realização desse objectivo, as eleições contribuem para a manutenção do nível & de estúpidos entre as pessoas que estão no poder.


Depois da acção de um bandido perfeito, este terá um "mais" na sua conta, "mais" este que equivalerá exactamente ao "menos" que ele causou a uma outra pessoa. Para a sociedade, no seu conjunto, a situação não melhorou nem piorou. Se todos os menbors da sociedade fossem bandidos perfeitos, a sociedade estagnaria, mas não haveria desastres. (...) Mas quando os estúpidos metem mãos à obra a música é outra. As pessoas estúpidas causam percas a outras pessoas sem obter vantagens para si mesmas - apenas conseguem empobrecer toda a sociedade. O sistema de notação usado nos gráficos mostra que, enquanto todas as acções dos indivíduos situados à direita da linha PO/M (ver figura 3) incrementam o bem-estar de uma sociedade, mesmo que em graus variáveis, as acções de todas as pessoas colocadas à esquerda da mesma linha PO/M empobrecem a sociedade.

Ps: Todo o texto acima, incluindo todas as 3 imagens de gráficos, foi retirado ao livro em questão e pertencem-lhe.