(Alunos de Caminha em protesto, 2008-11-05)

'Porca da Ministra da Educação! Foi a maior manifestação de sempre e nada mudou. Ditadura outra vez? Segunda Feira portões fechados a cadeados! Nada de aulas! PASSA A MENSAGEM.'

Esta foi a mensagem que recebi ontem, ao final da tarde, no meu telemóvel.
De facto, no meu bairro, hoje, nada de especial: dia normal, com aulas.
Contudo, as notícias da tarde deram a entender que certos estabelecimentos de ensino aderiram, por parte dos alunos, a esta iniciativa.

E eu concordo. Também apoio.
Não concordo, porém, com o modo como são realizadas estas manifestações, porque, na generalidade, muitos dos manifestantes, não possuem sequer argumentos para a sua aposentadoria e aderem, apenas, para não terem aulas. E isso não concordo.

As teses de uma aluna/manifestante, hoje na Sic Notícias, foram: a não concordância, quanto ao número limite de faltas a cada disciplina, e a igualdade quanto às faltas justificadas e não justificadas, no âmbito da realização do suposto exame proposto pela senhora Ministra da Educação.

Eu não concordo, em certos aspectos, com esta aluna. Primeiramente, penso que a questão das faltas é bastante razoável, à partida em que leva os jovens a aderir mais às aulas, o que é completamente correcto. Em segundo lugar, sou a favor da igualdade de faltas justificadas/injustificadas, mas noutro plano, bastante diferente: para mim, enquanto aluno, não me importo, de modo algum, em realizar, não só um exame (como se encontra em vigor), como outros vários outros exames, caso seja necessário. Isto se, claro está, tais exames não levem ao chumbo do aluno em voga, se este obter uma nota menos positiva. O aluno terá, e isto seria o mais correcto, partindo de um professor/explicador que o apoie, fazer o maior número possível de testes, exercícios e afins (algo lógico, se se pretender integrar na sua turma e acompanhar a matéria e os seus colegas), ao ponto a conseguir interagir com os conteúdos leccionados.

De outro modo, imaginemos: uma aluna, por motivos de doença, não comparece, durante um mês, às aulas e, chegada, se vê obrigada a realizar o dito exame, com pena de exclusão ao não adquirir nota positiva. Em termos mentais e pedagógicos, essa aluna, nunca, em tempo algum, conseguirá alcançar uma nota que a permita avançar na disciplina. Embora essa nota seja, ou não, positiva (não é o essencial à questão), ela não se conseguirá vingar no futuro, se depender só e necessariamente desse exame pois, por muito que tenha estudado, a sua capacidade em relação ao resto da sua turma será, obviamente, mais reduzida, partindo do princípio que, os seus colegas, se encontram a par da matéria deste o início do ano escolar.
O mais acertado a esta aluna seria, possivelmente como já mencionei, arranjar uma pessoa entendida no assunto (explicador/professor, ou mesmo outro aluno), que a ajude a recuperar e a progredir até se encontrar possivelmente capaz de o fazer sozinha. Será um caminho duro, mas bastante mais fácil assim.

Relembro que, inicialmente, tais decisões foram tomadas, por parte dos alunos, de forma duvidosa, por ser algo inédito (pelo menos, entre eles). Mais tarde, fui informado que, devido à ignorância das supostas regras da Srª Ministra e, ao cada vez mais crescente número de críticas, tais métodos propostos seriam analisados mais pormenorizadamente e, talvez, alterados. Durante este período, recente, enquanto a senhora Ministra pensava, foi posto de lado o regime de faltas e, brevemente, os alunos puderam, sem qualquer coima, faltar à sua boa vontade em 7 dias. Após a senhora ter pensado muito (algo que não acredito, sinceramente, que tenha sido feito), o regime de faltas voltou: igualzinho e totalmente idêntico ao anterior existente, que reinava na contestação geral, antes da dita senhora reflectir no assunto. Neste momento, vive-se uma revolta dos alunos a tal, já que se encontram numa situação lhes desfavorecida.


Até ser tomada alguma decisão palpável, sinto que irão ocorrer ainda muitas outras manifestações, as quais apoiarei. Porque, este regime, contrariamente ao que penso serem as ambições da Senhora Ministra da Educação, irá afastar os alunos das escolas, e não aproximá-los. E é nesse clima que vivemos neste momento.