(a família Beringela)
A família Beringela, distintamente conhecida como 'a família que vive no fundo da rua', vivia no fundo da rua. Ora, um dia, uma nova rua, à frente da família Beringela, foi construída.
A família Beringela, após tal incisão, deixou de poder usufruir de tal estatuto, pois já não era a família que vivia no fundo da rua, mas a 'família que vive perto da família do fundo da rua'.
Alcagoita Beringela, chefe de família quando, por fim, acordou uma manhã e, por acaso, olhou para o lado e se deu conta que, por frente à sua habitação, existia agora uma outra rua, retirou a sua mão do fundo do bolso das calças e, após fazer um cálculo matemático com seus dedos, lá concluiu que um e um são dois e que, naquela manhã, existiam, não uma, mas duas habitações e, como gostou de apelidar no momento,
'duas famílias a viver no fundo da rua',
mal se apercebendo Alcagoita que, se no limiar de uma rua se inicia
uma outra, a primeira rua deixa de ter fundo e começa, somente, a ter fim.
A família Beringela vivia 'no fim da rua' perto da
estreada família que habitava no 'fundo da rua'.
Mas a família Beringela nunca se preocupou muito com essa mudança.
Por outro lado,
ainda hoje, não conseguiu desvendar o mistério de tal aparição
de uma nova rua da noite para o dia...
OT