Silêncio de Bolso

Escrever é usar as palavras
que se guardaram:
se tu falares de mais,
já não escreves,
porque não te resta
nada para dizer.
Sousa Tavares, No teu Deserto

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
(...)
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Eugénio de Andrade, Já Gastámos as Palavras
*
Diz-me tu o que preferes, ir embora ou ficar: este espaço intermédio, entre a paz e o assédio, não nos deixa evoluir. Não é dor nem fogo posto, é amar sem ser suposto, é difícil resistir.
Tiago Bettencourt, Largar o que há em vão

|imagem: Lentrisqueira 14-08-2010; texto: blog-do-otario|