Indivíduos Endividados

Instalo o meu ódio atrás da estante de leitura, porque hoje já ninguém lê, esta estante é boa para guardar surpresas. E com música nos ouvidos trauteio as ruas com tesão. Acordei cedo, depois de um chá de insónias, com o meu crucifixo na mesa de cabeceira. Há dias assim, em que aparecem crucifixos, ou sabor a cona, nem pingo de devoção ao Senhor nem amor à puta da costela. Passo a passo, o 
compasso, de espera, para ver esse cu gordo. Que idade terás? Não tenho a certeza se estou certo, mas ou cedo desperto ou enlouqueço, neste antro de rameiras. Fecham-me as pálpebras como a vontade à vida. Sinto-me psicopata e não matei ninguém. Compreender o meu ódio atrás da estante será uma surpresa para mim.