Já tempesteia lá fora, as árvores tremem, os pássaros fogem, torna-se tudo escuro e feio, fica tudo cheio e distante. (...) Vou deixar, num cabide, do roupeiro,
passado a ferro a direito, o colete de forças das memórias não
esquecidas. Vou aquecer um balde de chá, e beber goles imprecisos de
coragem. Vou resguardar-me do meu lado negro impreciso na chegada. Vou
tapar-me com o manto da inutilidade, descansar na mentira e na verdade,
na saúde e na doença. Vou dormir um sono lento ausente de impaciência.
Porque o meu Lado Negro, ganha tons de cinzento à noite. São vozes da
arca perdida, que vagueiam no horizonte.